sexta-feira, 9 de março de 2012

A bola da vez!

Todos querem os socialistas
Cortejado por PT e PSDB, o PSB de Eduardo Campos torna-se a bola da vez das eleições municipais e aumenta seu cacife
Pedro Marcondes de Moura


DILEMA
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ainda não decidiu se
o PSB irá apoiar o PT ou o PSDB na eleição à Prefeitura de São Paulo

Afagar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, virou uma prática comum adotada por políticos dos mais variados matizes e colorações partidárias. O político nordestino assistiu, nas últimas semanas, à presidenta Dilma Rousseff nacionalizar o programa “Mãe Coruja”, vitrine de sua gestão estadual, se viu classificado pelos tucanos Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso como exemplo de administrador e, de quebra, ainda foi chamado publicamente de “meu líder” pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). Os elogios, porém, não se devem aos olhos verdes de Eduardo Campos, mas estão relacionados à máquina partidária que comanda, o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em uma estratégia pendular bem-sucedida, a sigla há tempos contorna a polarização da política brasileira, aliando-se tanto ao PT quanto ao PSDB, de acordo com o cenário mais favorável. Não à toa, a cada pleito elege cada vez mais candidatos. Possui, atualmente, seis governadores, 29 deputados federais, quatro senadores e mais de 300 prefeitos, um capital eleitoral que torna seu apoio cada vez mais cortejado pelas duas legendas em permanente batalha pelo Palácio do Planalto.

A facilidade com que os socialistas celebram alianças chama a atenção. Dos 23 Estados nos quais possui parlamentares nas assembleias, o PSB integra o bloco de sustentação de 19 governadores de diferentes siglas. São Paulo é um emblema desse comportamento. No plano municipal, o presidente do diretório da capital paulista, Eliseu Gabriel, ocupa a liderança do bloco PSD/PSB na Câmara dos Vereadores, base de sustentação do prefeito Gilberto Kassab, também composto por dissidentes do PSDB. Já o presidente da seção estadual, Márcio França, é secretário de Turismo do governador tucano Geraldo Alckmin. No plano nacional, a legenda é aliada do PT desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo Dilma Rousseff, controla o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria Especial de Portos.

Tamanho ecumenismo político, no entanto, promete ser colocado à prova na disputa entre PT e PSDB pelo Executivo paulistano. Os diretórios municipal e estadual do PSB, pressionados pela dupla Alckmin e Kassab, estavam inclinados a entrar na coligação tucana. Mas o movimento contraria as tratativas avançadas entre Eduardo Campos e o ex-presidente Lula em favor do candidato Fernando Haddad, do PT. E os socialistas reconhecem que qualquer decisão passará pelo crivo do presidente da legenda, Eduardo Campos. “O que é certo é que nossa posição nunca será contrária à do governador Eduardo”, declarou o presidente da seção estadual, Márcio França. Mas a tarefa de levar o PSB para a aliança de Haddad sem deixar sequelas não será nada fácil. Nos bastidores, uma liderança socialista paulista resume o clima de insatisfação com os petistas. “O PT cometeu grandes erros em São Paulo”, define. Os socialistas até agora não digeriram o fato de Dilma Rousseff não ter contemplado Márcio França com a Secretaria Especial de Portos por pressão da bancada estadual petista no começo do mandato, fato corrigido por Alckmin, que o acomodou na Secretaria de Turismo.

A divulgação de qualquer decisão do PSB, porém, tende a ser protelada. O partido sabe que é a bola da vez e vai valorizar seu passe: além da sua máquina municipal, possui cerca de um minuto e meio de exposição no horário eleitoral gratuito. Um enlace errado poderia comprometer apoios em outras localidades estratégicas para a legenda, como Curitiba e Belo Horizonte, onde os prefeitos socialistas Luciano Ducci e Márcio Lacerda tentarão a reeleição. Um passo equivocado também pode atrapalhar o projeto nacional de poder pavimentado para alçar Eduardo Campos à vaga de vice, numa chapa encabeçada por Aécio ou Dilma em 2014, ou até de candidato à Presidência da República. Como gostam de dizer os dirigentes socialistas, o governador de Pernambuco é jovem, tem 46 anos e tempo para esperar o melhor cenário, enquanto navega na crista da onda da política nacional. 

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