terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ministra Ana Arraes foi escolhida para relatar auditoria na Transposição do Rio São Francisco. Jornal diz que como ela é do PSB deveria se declarar suspeita.

Mãe do governador de Pernambuco vai relatar auditoria da Transposição do S. Francisco. Como ela é do PSB, deveria se declarar suspeita.


Carlos Newton

A política brasileira está mesmo num baixo nível desanimador. No ano passado, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) esteve em vários Estados fazendo lobby até conseguir emplacar a própria mãe, Ana Arraes, como ministra do Tribunal de Contas da União.

Agora, o Estadão noticia que justamente a ministra Ana Arraes foi escolhida para relatar a auditoria que apura o aumento do preço de contratos de obras da transposição do Rio São Francisco. Ora, todos sabem que este projeto é obra do PSB, partido do governador, de sua genitora e dos ministros que tocaram e tocam as obras – Ciro Gomes e Fernando Bezerra, atual ministro da Integração Nacional, que também é de Pernambuco e afilhado político do governador.

A ministra Ana Arraes, portanto, deveria se declarar “suspeita”, mas esse tipo de comportamento ético está inteiramente fora de moda no Brasil. E assim ficará tudo em casa, com o PSB fiscalizando o próprio PSB,

Obra mais cara bancada com dinheiro dos impostos, a transposição do São Francisco prevê o desvio de parte das águas do rio por mais de 600 quilômetros de canais de concretos construídos em quatro Estados do Nordeste: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Em apenas um dos lotes, o Tribunal já encontrou prejuízo ao contribuinte de R$ 8,6 milhões. Esse mesmo lote já havia sido objeto de um acréscimo de preço de 15%. Uma das falhas identificadas pelos auditores foi a construção de um trecho do canal de concreto em desacordo com alteração de traçado feita pelo projeto executivo da transposição. Como resultado, a obra de terraplenagem custou R$ 3 milhões a mais.

O TCU também registrou falhas também na fiscalização da obra, assim como a assinatura de acréscimos em contratos, independentemente do esclarecimento de irregularidades ou atrasos “injustificáveis” nos lotes.

Há alguns dias Bezerra informou que negociava com o TCU um reajuste acima dos 25% do limite legal para pelo menos um dos contratos. Alegou que haveria prejuízo com a desmobilização de grandes máquinas de cavar túneis no lote 14 do eixo norte, que contabiliza avanço de apenas 27,1% no contrato.

Segundo o próprio ministro, vários contratos da transposição serão rescindidos e o saldo de obras será objeto de duas novas licitações, de valor estimado em R$ 1,2 bilhão, a serem lançadas no início de 2012. É um nunca-acabar.

Desse jeito, aonde iremos chegar? Nem São Francisco sabe…

Fonte: Tribuna da Imprensa

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