quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bancos cobiçam as polpudas contas-salário dos servidores públicos

Com a liberdade para escolher a instituição de sua preferência, funcionário pode estudar a proposta mais vantajosa


Vera Batista
Publicação: 05/01/2012 08:27 Atualização:
A guerra para seduzir as polpudas contas-salário dos servidores públicos já começou. Mal o governo deu liberdade para que cerca de 13 milhões de funcionários façam a transferência automática do dinheiro para instituições financeiras de sua preferência, bancos, cooperativas e financeiras deram início a uma batalha desesperada para ganhar a confiança dessa privilegiada parcela da população. Os dados do governo mostram que, ao longo de 2012, apenas os servidores federais movimentarão mais de R$ 200 bilhões. Alguns bancos que contavam com o conforto da exclusividade temem perder esse filão, marcado por estabilidade no emprego, baixo risco de calote, alto poder aquisitivo e ganhos 43% maiores que os da média da remuneração dos brasileiros.

A portabilidade das contas já é um direito adquirido dos empregados da iniciativa privada desde 2009. Mas só desde a última segunda-feira, primeiro dia útil de 2012, chegou aos servidores públicos. Agora, o antigo banco do servidor é obrigado a aceitar a opção do funcionário pela mudança em um prazo de até cinco dias úteis. O salário tem que estar disponível na nova conta-corrente, no mesmo dia do crédito do salário, até as 12h. “O banco é obrigado a dar o cadastro da pessoa e todos os dados antigos têm que constar no novo talão de cheque. Vale lembrar que a conta-salário é isenta de tarifa, segundo determinação do Banco Central”, alertou Abelardo Duarte de Melo Sobrinho, diretor de desenvolvimento organizacional do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob). Sobrinho representa um segmento que se apressou para aproveitar os bons ventos soprados pela portabilidade.

Cooperativas
Além de taxas menores para crédito pessoal, cheque especial e cartão de crédito, quem se associa a uma cooperativa de crédito, diz ele, tem a vantagem de receber de volta, às vezes com juros, a cota de contribuição sobre o capital que é depositada todo mês. Em Brasília, na média, esse percentual chega a 1% do principal. Sobrinho exibiu dados de um estudo no qual as taxas oferecidas pelas cooperativas aparecem bem abaixo das praticadas por bancos comerciais ou financeiras. Em 2011, no segmento cooperativado, o custo do crédito pessoal foi de 2,2% ao mês. Nos grandes bancos, chegou a 4,6%. No cheque especial, as cooperativas praticaram 4,6% mensais, longe dos 6,5% dos concorrentes. No cartão de crédito, a
diferença foi maior: 7% nas cooperativas e 10,5% nas grandes instituições, em média.

A concorrência está tão acirrada que os bancos sequer escondem suas estratégias. Para atrair o servidor, o Santander preparou conta sem tarifa mensal, cartão de crédito livre de anuidade e tarifa fixa. Além disso, oferece 10 dias por mês sem juros no limite do crédito da conta-corrente. Os clientes do segmento Van Gogh, de alta renda, terão 50% de desconto no pacote de serviços, dois cartões de crédito (Master e Visa) e até 10 adicionais. Contarão ainda com espaços privativos nas agências e atendimento gerencial por telefone até a meia-noite.

O Banco do Brasil, maior detentor de contas de servidores, não fica atrás. Em um conjunto de iniciativas pró-servidor,
armou-se de artilharia pesada para não perder clientes. Além da ampliação dos pontos de atendimento, oferecerá produtos especiais e, sobretudo, tarifas diferenciadas, a fim de segurar o funcionaliosmo. “Estamos trabalhando para reter essas contas-correntes e fazer crescer nossa carteira”, disse Sérgio Nazaré, diretor de Clientes e Pessoas Físicas da instituição.

Mas, como o BB, o Itaú Unibanco e a Caixa não deram detalhes sobre taxas. O Itaú informou que está empenhado em levar os melhores produtos e serviços e em ser líder em satisfação de seus clientes. “Oferecemos pacotes de benefícios para cada perfil”, afirmou Cícero Araújo, diretor comercial do Itaú Unibanco. A Caixa destacou que os benefícios serão grandes e que ainda há tempo para abrir uma carteira de investimentos em condições diferenciadas. O Bradesco comentou o assunto.

Compare as taxas (Em % ao mês)
Vejas os juros médios cobrados no mercado por vários tipos de instituição

Modalidades - Cooperativas - Bancos
Crédito pessoal - 2,2 - 4,6
Cheque especial - 4,6 - 6,5
Cartão de crédito - 7,0 - 10,5

Fonte: Banco Central e Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob)
Matéria: correio Braziliense

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