quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Polícia Civil apreende mil armas de quartel da PM para tentar localizar a arma que mantou uma juiza.

Polícia Civil apreende mil armas do 7º BPM


O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou, no último domingo (11), a prisão temporária do tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e dos cabos Sérgio Costa Júnior e Jefferson de Araujo Miranda, lotados no Grupamento de Ações Táticas (Gat) do 7º BPM (São Gonçalo), acusados de assassinar a juíza Patrícia Acioli. Para tentar localizar as armas utilizadas na execução, agentes da Divisão de Homicídios (DH), apreenderam, na manhã de ontem, aproximadamente mil pistolas calibre 40 e revólveres calibre 38 do 7º BPM (São Gonçalo). O trio já estava preso no Batalhão Especial Prisional (BEP), pela participação na morte do vendedor ambulante Diego da Conceição Beliene, 18 anos - vítima de um auto de resistência forjado no Complexo do Salgueiro, no dia 3 de junho.

Os armários dos policiais supostamente envolvidos no crime, também foram revistados, mas nada foi encontrado. Os policiais cumpriram também 15 mandados de busca e apreensão na residência de parentes dos suspeitos em São Gonçalo, Maricá, Jacarepaguá e Senador Camara. Apesar da baixa de armas no batalhão, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou durante entrevista coletiva, que o efetivo de São Gonçalo, não vai sofrer com a falta de equipamentos.
“Automaticamente estamos realizando a reposição dessas armas. O povo de São Gonçalo pode ficar tranquilo”, revelou.

Como O SÃO GONÇALO, adiantou na edição de domingo (11), a última sentença da juíza, foi o que motivou a sua execução. De acordo com a DH, no dia de sua morte, a magistrada avisou a advogada dos oito PMs acusados do auto de resistência que pretendia decretar a prisão deles. Horas depois, acreditando que a magistrada ainda não havia dado a sentença, os policiais teriam a executado brutalmente com 21 tiros em frente à sua residência, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói.

Investigações - O delegado titular da Divisão de Homicídios, Felipe Ettore, informou que as investigações deverão ser concluídas em 30 dias.
“O assassinato foi para evitar a prisão dos policiais pela morte do Diego. Ela manteve sigilo sobre os mandados de prisão para que conseguissem prendê-los. Apesar das provas que temos, as investigações não vão parar por aqui. Temos que encontrar as armas utilizadas no dia do crime para realizar o confronto balístico”, afirmou o delegado.
Crime foi premeditado um mês antes

Para o presidente da Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), desembargador Antônio César de Siqueira, os suspeitos já haviam premeditado a morte da juíza um mês antes de sua execução. Na ocasião, eles utilizaram uma viatura oficial sem sistema de monitoramento, para fazer um mapeamento da área onde a juíza residia.
“Acredito que nem a escolta conseguiria impedir este crime. Eles estavam determinados em evitar suas prisões. Tanto a viatura sem GPS quanto os telefones desligados fugiram dos padrões de comportamento”, explicou Antonio Siqueira.

Siqueira revelou que aumentou em 400% o número de pedidos de escolta feitos por juízes do estado após o assassinato de Patrícia.
“Não tenho os números absolutos, mas esses dados foram passados pela comissão de segurança do Tribunal de Justiça, que analisa esse tipo de pedido feito pelos juízes”, afirmou o desembargador.

A Associação de Magistrados do Brasil (AMB) lançou, segunda-feira (12),  “um manifesto pela segurança de magistrados”. O documento contém sete itens para dar mais proteção aos juízes. Um deles cogita a utilização da Força Nacional de Segurança para atuação em casos como o assassinato da juíza Patrícia Acioli.

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, elogiou o trabalho da Polícia Civil.
“Algumas pessoas criticaram o fato de não ter sido pedido o apoio da Polícia Federal, mas o governador Sergio Cabral, entendeu que a Polícia Civil estava preparada para assumir esse trabalho. Posso afirmar que o crime está elucidado. No dia seguinte, a morte da juíza, afirmei que esse crime não ficaria impune e isso aconteceu”, disse.

Manoel Rebêlo aproveitou ainda para explicar que a morte de Acioli não teve ligação com as ameaças de morte que a juíza recebeu.
“Esse crime está ligado apenas à última sentença da magistrada. Os suspeitos acreditavam que se matasse a Patrícia, outro juiz não decretaria a prisão deles”, ressaltou.
Juíza foi assassinada com 21 tiros em Niterói

A juíza foi morta com 21 tiros dentro de seu carro, um Idea Adventure, na porta de sua casa, na Rua dos Corais, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, na noite do dia 11 de agosto. De acordo com a polícia, dois homens em uma motocicleta preta teriam feito os disparos de pistolas. No local do crime, peritos arrecadaram cartuchos de calibres ponto 40, de 45 milímetros (de uso exclusivo das Forças Armadas) e 9 mm.

A magistrada morreu nos braços do filho adolescente, que chegou a quebrar o vidro lateral para abrir a porta do veículo. Com 47 anos de idade, Acioli tinha 19 anos de magistratura, e teve o trabalho marcado pelo rigor nas decisões e condenações, principalmente, de policiais militares acusados desvios de conduta.
Diego agonizou 1h

O vendedor ambulante Diego da Conceição Beliene, 18 anos - morador do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo - foi baleado durante uma incursão de policiais do 7º BPM (São Gonçalo) na comunidade, na tarde de 3 de junho. Segundo denúncia do Ministério Público (MP), o jovem agonizou durante uma hora até ser ‘socorrido’ - já morto.

Oito PMs foram presos sob a acusação de atirar no jovem e tentar forjar um ‘auto de resistência’ -quando o criminoso é baleado após trocar tiros com a polícia. Entretanto, segundo as investigações do MP, Diego não era bandido e, tampouco, havia traficantes na Rua Reginaldo Ulisses de Oliveira, quando os policiais chegaram efetuando disparos a esmo.

Fonte: São Gonçalo online

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