quinta-feira, 31 de março de 2011

Oficiais se revoltam contra o Excesso de Hierarquia na Polícia Militar e questionam Comando Geral.

Oficiais questionam comando da Polícia Militar

Eles dizem que critério para promoção por antiguidade é desconsiderado, pedem proteção a policiais ameaçados e criticam 'excesso de hierarquia'

A insatisfação por parte de oficiais da Polícia Militar para com o comando da corporação só cresce. É o que garantem cinco militares que procuraram a Gazetaweb, na manhã dessa terça-feira (29), para criticar atos do Comando Geral no que diz respeito a situações envolvendo os ditames da hierarquia defendida nos batalhões espalhados por todo o Estado, bem como à demora, segundo os denunciantes, para promoção de oficiais pelo critério de antiguidade, conforme previsão legal, o que já estaria gerando certa frustração sobretudo entre aqueles que ainda fazem o patrulhamento nas ruas da capital e interior.

Os oficiais, que pediram à reportagem para não se identificar temendo represálias por parte de seus superiores, argumentam ainda que o comando não estaria a fazer 'absolutamente nada' pelo militares que estariam ameaçados de morte em decorrência do trabalho de combate ao crime que desempenham cotidianamente, pondo em risco a própria vida em favor da incessante busca pela garantia do sentimento de segurança – o que há muito se encontra 'escondido' – à população alagoana.

“Os pilares básicos da Polícia Militar são a hierarquia e a disciplina. No entanto, infelizmente, a situação tem sido bem diferente, para não dizer constrangedora, em Alagoas. Para comprovar o que digo, basta lembrarmos recente fato envolvendo soldado do oitavo batalhão que acabara preso por se recusar a conduzir viatura, mesmo tendo alegado não ser capacitado para tal, além de sofrer de problema na visão”, recordou um dos oficiais, reportando-se ao episódio em que a tenente Rejane Manuela determinou a prisão do soldado José Sales na última sexta-feira, 25.

A Associação de Cabos e Solados chegou a emitir uma nota à imprensa nessa terça, repudiando o ato contra o militar e externando sua preocupação para com a possibilidade de o soldado vir a ser preso novamente, já que o mesmo, ao receber habeas corpus pelo Tribunal de Justiça e retornar ao serviço no referido batalhão, deparou-se com aviso estabelecendo que o mesmo deve assumir o volante de uma viatura policial. Os oficiais entrevistados pela reportagem comungam do pensamento da entidade, dando conta de que o soldado é vítima 'de clara perseguição'.

A associação lembrou ainda, em nota, que o soldado deveria possuir habilitação para conduzir veículos especiais, acrescentando que exame oftalmológico, atestando a insuficiência visual do militar, já fora encaminhado para o batalhão no qual José Sales – que teria se recusado a dirigir a viatura para preservar a integridade física também dos companheiros de farda - é lotado.

“O que vemos hoje é a polícia prendendo polícia, quando ela deveria se preocupar muito mais com que está acontecendo além dos birôs dos comandantes. A tenente tentou fazer com que o soldado conduzisse o veículo à força. Como não conseguiram, levaram-no até a Corregedoria para que lá fosse lavrado um flagrante por crime de insubordinação. Ou seja, quem deveria aplicar a Lei de Organização Básica está cometendo abusos”, emendou o mesmo oficial, tendo sido complementado por colega de farda que o acompanhava nessa terça, falando apressadamente devido, segundo ele, ao medo de ser delatado por alguém do comando da Polícia Militar.

'Falta valorizar policiais, que estão desprotegidos'

Medo que também se estenderia ao simples fato de caminhar com a farda da corporação, até mesmo em lugares considerados 'calmos'. É o que relata outro oficial, dando conta de que o comando não dispensaria esforços no sentido de zelar pela própria vida de militares ameaçados de morte por pessoas que já detiveram. “É por isso que vemos cada vez mais policiais medrosos, que fazem de tudo para permanecer dentro de um quartel a vida inteira. Enquanto isso, muitos outros, por puro apadrinhamento, têm direito a uma série de privilégios. Já o oficial da linha de frente, que arrisca a própria vida, só serve de 'bucha de canhão', pois nunca é promovido. Tudo isso só aumenta o clima de insatisfação”, avaliou.

Já outro oficial afirmou que a proteção ofertada a militares operacionais se limitaria à salva de tiros quando do sepultamento dos mesmos, como ocorreu ao capitão Luacir Albuquerque Macário, 49, que teve a casa invadida no último dia 18, tendo sido assassinado a tiros ainda no interior de sua residência, no bairro Pinheiro, em Maceió.

“Foram dois oficiais mortos em um curto espaço de tempo neste ano. A prisão dos supostos assassinos do capitão Macário foi um caso à parte, devido à repercussão que se deu ao fato, visto que, na maioria das vezes, os bandidos conseguem escapar impunes. Isso sem falar nos casos em que se prende apenas para dar satisfação à sociedade, como bode expiatório”, alfinetou o oficial, acrescentando que três colegas estariam marcados para morrer: os capitães Eugênio, Xavier e Rocha Lima.

Por fim, o grupo de oficiais que procurou a Gazetaweb salientou ainda a necessidade de o comando 'olhar com outros olhos' a questão relativa às promoções, 'para valorizar o bom policial'. “Os cargos e funções precisam ser distribuídos conforme o critério de antiguidade, mas o comando vem rasgando o regulamento, nomeando oficiais no lugar daqueles mais experientes, sob a fajuta alegação de que se trataria de um cargo de confiança. São majores nomeados em cargos de tenentes coronéis, capitães nomeados em cargos de majores, e tenentes nomeados em cargos de capitães. Está tudo errado”, desabafou um dos oficiais.


Como se não bastasse, a suposta irregularidade, segundo os oficiais, estaria a onerar a folha do Governo do Estado. “A ingerência é muito grande. Como conceber que um major exerça a função de um tenente coronel, com alguns recebendo até um mil e quinhentos reais a mais pela 'gratificação'? Neste caso, o Estado está a pagar duas vezes o salário de tenente coronel, gerando um prejuízo imensurável aos cofres públicos, quando a sociedade sabe que a corporação precisa convocar mais militares para reforçar a Segurança Pública”, refletiu.
A reportagem da Gazetaweb ainda não obteve resposta por parte da assessoria de comunicação da Polícia Militar

Fonte: Gazetaweb http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=228711
OPINIÃO DO BLOG DO ADEILTON9599: Será que isso é só lá? Um dia a pomba explode, ou melhor, a bomba explode! Quem viver verá.

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