segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ta com a mulestra. É muito acidente!

Viaturas do Ronda lideram acidentes na PM

Dos 263 inquéritos instaurados para apurar os acidentes com viaturas, 187 são com carros do Ronda do Quarteirão

 (IANA SOARES)

Pelo menos 263 acidentes envolvendo viaturas da Polícia Militar foram alvo de inquéritos técnicos instaurados nos anos de 2009 e 2010. Somente com as Hilux do Ronda do Quarteirão, foram 187 ocorrências. O levantamento foi feito a partir de informações publicadas nos boletins internos do Comando Geral da PM no Ceará. O POVO teve acesso aos documentos com exclusividade.

Além de informar sobre a abertura dos inquéritos, alguns boletins apontam o custo previsto para o conserto de cada viatura. Nos anos de 2009 e 2010, foram publicados os orçamentos referentes a 131 acidentes. Os valores variam. O menor foi de R$ 89 e o maior de R$ 44 mil. Somando todos, o montante chega a R$ 643 mil.

Mas nem sempre é o Estado que paga a conta. Quando o inquérito apura que houve imperícia ou imprudência por parte do motorista da viatura, o prejuízo recai para o policial. “Ele é chamado a assinar um termo de reconhecimento da dívida”, explica o relações públicas da PM, major Marcus Costa. O valor do conserto é descontado do salário, em parcelas. “Há um percentual de desconto máximo, que normalmente é de 20%”, informa.

Se o policial se recusar a assinar o termo de reconhecimento da dívida, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) entra com uma ação na Justiça. Foi o que aconteceu com um soldado do Ronda do Quarteirão, que pede para não ser identificado. Ele se envolveu em um acidente de trânsito em 2008. O policial conta que recebeu um chamado de socorro urgente, ligou a sirene da viatura e seguiu com a Hilux até o local da ocorrência.

No meio do caminho, houve uma colisão. No inquérito, o soldado foi responsabilizado pelo acidente porque a preferencial não era dele. “Era uma situação de estresse”, argumenta o policial. Mesmo assim, o prejuízo foi imputado a ele. O valor é superior a R$ 20 mil. A Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros (Aspramece) está acompanhando o caso.

“Uma coisa é a pessoa dirigir em estado de tranquilidade. Outra coisa é quando se está numa situação de adrenalina, numa perseguição policial ou diante de um assalto”, compara o presidente da Aspramece, subtenente Pedro Queiroz. Além disso, ele argumenta que os policiais não recebem treinamento adequado para dirigir as viaturas, principalmente as Hilux.

Os boletins do Comando Geral não especificam a situação em que aconteceu o acidente. Os documentos apontam apenas a infração que o policial cometeu. Há casos de “avanço da via preferencial”, “manobra de conversão quando as condições de trânsito não eram favoráveis”, “brusco desvio direcional para esquerda”, entre outros. No levantamento feito pelo O POVO, há 82 casos em que os prejuízos foram imputados a policiais.

Segundo o major Marcus Costa, o oficial responsável pelo inquérito leva em conta as condições adversas na hora de apurar as causas do acidente. O major cita o exemplo de um inquérito conduzido por ele. “Era uma ocorrência na Serra de Maranguape. Teve uma perseguição e, numa manobra rápida, a traseira da viatura encostou numa árvore. Cheguei a conclusão de que não houve imperícia ou imprudência. Foi uma contingência e imputei (o prejuízo) ao próprio Estado”, diz.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Os acidentes constantes envolvendo viaturas da Polícia Militar colocam em xeque o preparo dos policiais para conduzir as viaturas. Cada caminhonete custou R$ 149 mil ao Estado. O conserto das Hilux também sai caro.

Investigação

Todo acidente envolvendo viatura da PM gera um inquérito técnico. A investigação é feita por um oficial, designado por meio de portaria.

A portaria é publicada no boletim interno do Comando Geral da PM. Para chegar aos dados desta matéria, O POVO pesquisou 452 boletins, referentes aos anos de 2009 e 2010 (até 8 de novembro).

Nos boletins, também é publicado um resumo do resultado dos inquéritos. O texto informa a causa do acidente e aponta de quem é a responsabilidade - se do policial ou de terceiros. Há ainda casos em que o Estado se responsabiliza.

Muitos dos inquéritos demoram a ser instaurados. É por isso que a maioria dos acidentes que constam nos boletins de 2009 e 2010 se referem a ocorrências registradas no ano de 2008, quando a média foi de 13 acidentes por mês.

VELOCIDADE
De acordo com o tenente-coronel Werisleik Matias, os policiais podem ultrapassar os 50 km/h desde que informem, antes, à Ciops. Ao todo, o Estado conta com 1.240 viaturas operacionais. Desse total, 495 são Hilux.

Conforme o coronel Lauro Carlos de Araújo Prado, coordenador-geral da Administração da PM, policiais do Ceará já tiveram curso prático de direção veicular. Ele não informou a quantidade de PMs que teriam feito as aulas. Segundo o capitão Carlos Matos, coordenador-geral dos cursos de veículos na PM, antes da “greve branca”, somente 860 policiais haviam feito o curso exigido pelo CTB. O efetivo é de cerca de 15 mil policiais.

Fonte: O Povo Fortaleza http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2010/11/15/noticiafortalezajornal,2065056/viaturas-do-ronda-lideram-acidentes-na-pm.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O autor desse Blog não se responsabiliza pelos comentários aqui postado. Sendo de inteira responsabilidade da pessoa que o fez as consequências do mesmo.