domingo, 17 de outubro de 2010

"Polícia militar ainda carrega resquícios da ditadura militar", afirma codiretora de ONG

Codiretora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Maria Luisa Mendonça avalia que a Rota, assim como a Polícia Militar em todo o país, ainda carrega resquícios da ditadura militar. Por isso, a prática de violência está arraigada na instituição.
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Folha - Qual sua avaliação sobre a atuação da Rota em São Paulo?
MARIA LUISA MENDONÇA - A Rota não é diferente do que vemos da atuação da PM no restante do país. Não é uma característica só de São Paulo. O que presenciamos, ao longo dos anos, é uma série de situações de violações dos direitos humanos, com um número muito grande de assassinatos de supostos suspeitos de crime. Aquela velha política de primeiro atirar e depois perguntar permanece. Na nossa opinião, ainda há no Brasil um resquício dos grupos de extermínio, de tortura, das execuções sumárias, de uma política da época da ditadura militar.
O que precisa ser feito para alterar esse cenário?
Deve haver um treinamento adequado para esses policiais, com táticas mais eficientes. Uma questão fundamental também é a impunidade. Quando os crimes permanecem impunes, favorece a continuidade dessa prática. É importante que haja um esclarecimento à sociedade de que os direitos humanos também valem para indivíduo que comete crimes, senão viveremos numa situação de barbárie.
Há representantes de movimentos sociais que defendem a extinção da Rota. O que a senhora acha disso?
Acho muito difícil reformar uma instituição que tem uma característica muito forte de violência arraigada. É quase uma questão interna e cultural. Tem que haver uma transformação profunda para que essa prática de violência não aconteça. Se essa transformação levasse à extinção da Rota, essa é uma opção que deveria ser considerada. A questão central é mudar a prática de violência.

Fonte: Folha.com

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