terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Jovens substituirão PMs no atendimento do 190

Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió (AL) O Estado de Alagoas iniciou nesta segunda-feira (25) o treinamento prático de 60 jovens da periferia de Maceió (AL) que vão substituir os militares no atendimento das ligações feitas para os números 190, 191 e 193.

A partir do próximo mês, caberá a jovens entre 18 e 24 anos a responsabilidade de atender e encaminhar as cerca de 10 mil ligações diárias feitas aos telefones das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros na região metropolitana de Maceió. Para isso, cada um deles vai receber uma bolsa de um salário mínimo por mês durante um ano, com possibilidade de renovação por mais 12 meses.

Segundo o Ciods (Centro Integrado de Operações da Defesa Social), os jovens foram selecionados por meio de um convênio entre o governo e a ONG Soprobem (Serviço de Promoção e Bem-Estar Comunitário). Entre os requisitos exigidos está cursar ou ter concluído o Ensino Médio.




Jovens da periferia de Alagoas terão um salário mínimo como remuneração, além da experiência


Como o governo alega que não tem recursos para contratar mais policiais, o aproveitamento de jovens foi uma solução encontrada para aumentar o efetivo nas ruas em mais 60 militares - 40 da polícia e 20 do corpo de bombeiros.

Segundo o chefe do Ciods, major Moisés Nascimento, os jovens não vão realizar serviços restritos a militares e terão a orientação de um supervisor. "Eles vão atender as ligações e orientar as pessoas a manterem a calma, por exemplo, e alguns outros procedimentos iniciais até uma viatura chegar", disse.

Ele ainda garante que não há risco para os jovens. "Eles não vão realizar trabalho policial, mas apenas o atendimento à população. Será um serviço de teleatendimento. Afinal, para atender uma ligação não é preciso aula de tiro. E aqui eles terão um nome de guerra, quase sempre diferente do nome real", contou.

O major explica que a Polícia Militar possui carros monitorados por satélite, o que vai ajudar o trabalho dos jovens e diminuir o tempo de atendimento das ocorrências. "Na hora que eles preencherem o endereço correto, o sistema vai apontar a viatura mais próxima para ser encaminhada. Com mais policiais, teremos mais e mais rápidos atendimentos", afirmou.

Os jovens se mostram animados com a oportunidade do primeiro emprego. "Todos estamos com uma certa ansiedade. Vamos ter que manter sempre a calma e nunca estressar, pois sabemos que receberemos muitos trotes. O ordem é manter a ordem", assegurou Everton Mota, de 18 anos.

Já Fabíola Torres, de 19 anos, diz ter consciência da importância do trabalho que vai exercer. "Temos que manter a tranquilidade, pois teremos uma grande responsabilidade nas mãos. Mas eu creio que tudo vai dar certo", disse.


Críticas e elogios

O procurador-geral de Justiça de Alagoas, Eduardo Tavares, acredita que a iniciativa é positiva, mas ressalta que é necessário manter sob o comando dos militares a tarefa de triar e encaminhar os atendimentos. "Se esses jovens forem fazer a triagem, é temerário. Mas se for somente o primeiro atendimento, encaminhando a ligação um militar, é uma atitude interessante. Mas vou me certificar como será. Já entrei em contato com o comandante da Polícia, e ele ficou de me apresentar uma exposição de como será o trabalho", disse o chefe do Ministério Público do Estado.

Tavares ainda alega que o projeto de ofertar oportunidade de emprego a jovens é "louvável". "Como missão social é bom. Mas é preciso certo cuidado com que tipo de contato esses jovens vão ter. Mas a polícia vai economizar homens, que vão para as ruas ajudar no combate à criminalidade", afirmou.

Para o presidente da Assomal (Associação dos Oficiais Militares de Alagoas), major Welington Fragoso, a substituição de militares por jovens é preocupante. "Estamos lidando com um setor muito importante e que precisa de autoridades policiais experientes para prestar o serviço com precisão", destacou.

Segundo Fragoso, o trabalho realizado nesses serviços não é um "simples atendimento", mas sim, "um trabalho de socorro". "Recebemos ligações de pessoas em situação de risco, de pessoas desesperadas, e, no meio dessas, temos centenas de trotes. Como esses jovens vão saber filtrar essas ligações? O atendimento do call center tem de dar uma solução imediata para ajudar aquela pessoa que está pedindo socorro até a viatura chegar ao local", finalizou.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/01/26/ult5772u7168.jhtm

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