Informação policial e Bombeiro Militar

domingo, 5 de janeiro de 2014

Pauta em protestos de junho, combate à violência policial tem de ser prioridade, dizem especialistas




Do UOL, em São Paulo

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Veja cenas de violência policial e depredações em protestos pelo Brasil104 fotos

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13.jun.2013 - Em São Paulo, policial militar atinge cinegrafista com spray de pimenta durante protesto contra o aumento da tarifa do transporte coletivo, em frente ao Theatro Municipal, no centro da capital. Mais de 40 manifestantes foram detidos pela polícia Rodrigo Paiva/Estadão Conteúdo

Não era só pela redução de R$ 0,20 na passagem de ônibus que pelo menos 100 mil pessoas saíram às ruas em São Paulo no dia 17 de junho deste ano. Depois de assistir a uma forte repressão da polícia contra manifestantes pacíficos no dia 13 de junho, havia quem passou a pedir, além da queda no valor da tarifa, mudanças no aparelho de segurança pública do Estado.

No ano em que policiais militares foram condenados pelo massacre do Carandiru, decisão considerada como "marco civilizatório", a discussão sobre a violência policial deixou de ser marginal. Quando ela tomou as manifestações, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), resolveu que era hora de apontar culpados."Não ficou bem", disse o petista sobre a forma como a PM paulista tratou manifestantes naquele dia 13.

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Protestos se espalham pelo Brasil200 fotos

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5.dez.2013 - Em 18 de junho, o então estudante de arquitetura Pierre Ramon, 20, participou de sua primeira e, até agora, última manifestação. O jovem perdeu o emprego de garçom numa casa noturna do Itaim, bairro nobre da zona sul de São Paulo, depois que sua imagem foi veiculada como líder dos "black blocs" e precisou trancar o curso de arquitetura na faculdade. Pierre diz que nunca tinha ouvido falar em 'black blocs' e que atacou a prefeitura porque recebeu "spray de pimenta na cara" Fabio Braga/Folhapress e Jorge Araujo/Folhapress

Ato contínuo, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), a quem a PM é subordinada, determinou a apuração dos atos violentos e vetou o uso de balas de borracha e de bombas de gás. Não adiantou --a partir dali, os manifestantes é que foram os protagonistas das cenas de violência. Haddad, então, mudou de ideia.

"O que houve ontem [dia 18 de junho] no centro [de São Paulo] foi uma atrocidade", disse, ao se referir a vândalos que depredaram o prédio da prefeitura e diversas lojas na região central de São Paulo.

Acuados, Alckmin e Haddad, anunciaram, no dia 19 de junho, a redução do valor da passagem. Aproveitaram também para deixar para depois a discussão sobre a eficiência dos órgãos que cuidam da segurança da população.

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Protestos no Rio de Janeiro200 fotos

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20.dez.2013 - Manifestantes participam de protesto contra o aumento na tarifa do transporte público anunciado para janeiro de 2014 pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (20)Tasso Marcelo/AFP

No Rio, não foi diferente. Uma foto de um PM atacando com gás de pimenta uma manifestante foi parar na capa do "New York Times", que fez críticas à atuação da polícia nos atos. Outros veículos de comunicação seguiram na mesma linha. A própria polícia, depois, achou que havia exagerado.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), reclamou, mas tinha um problema ainda maior a resolver: o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza depois de ter sido visto sendo interrogado por policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha. Depois pressão, veio a descoberta que Amarildo foi torturado e morto por policiais.

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Protestos em São Paulo200 fotos

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19.dez.2013 - Ônibus foi incendiado por cerca de 150 camelôs durante protesto contra na noite desta quinta-feira (19), no Largo da Concórdia, no Brás, região central de São Paulo. Eles teriam ficado revoltados depois que policiais militares começaram a retirá-los da região e fizeram um protesto Eduardo Anizelli/Folhapress

Para especialistas, as manifestações cobravam, de maneira indireta, uma maior eficiência das nossas corporações. E isso só poderá ocorrer quando os governos passarem a tratar a segurança pública como prioridade.

Falta de preparo

Uma semana depois de os protestos eclodirem pelo país, especialistas já criticavam a forma como o Estado tratou as manifestações. "A ampla maioria dos manifestantes e da população é contra as depredações, mas a ação policial dos primeiros dias acabou rompendo os laços de confiança com a sociedade. É preciso recuperá-los", afirmou o especialista em segurança pública Marcos Rolim.

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"A polícia não estava preparada para os protestos", disse José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública, cargo que ocupou entre julho e dezembro de 2002, no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Apesar de São Paulo ter uma estrutura forte de treinamento, as manifestações não tinham liderança e eram espontâneas, dois fatores novos, nunca vistos", afirmou. "O sistema não respondia ao problema", afirmou Silva.

"Enxergar qualquer cidadão de coturno como sinônimo de ditadura e munir-se de todas as forças para demonizá-lo é, antes de tudo, preconceito, algo que deveria ser, por completo, banido", escreveu em um artigo publicado no UOL, Benedito Roberto Meira, coronel PM e comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Violência, desmilitarização e unificação das polícias

A exposição da violência durante os protestos expôs uma realidade que há tempos assusta a população comum.Dados da Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo apontam que as denúncias de excessos cometidos por policiais militares durante abordagens cresceram 106% no primeiro semestre de 2013 em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 66 reclamações registradas neste ano ante 32 em 2012 --os números do segundo semestre não foram fechados.

Com relação à Polícia Civil, o problema é outro. Foram 141 queixas de mau atendimento no primeiro semestre de 2012, ante 213 este ano, um aumento de 51%. As infrações disciplinares reportadas à Ouvidoria aumentaram 47%, de 60 no ano passado para 88 em 2013.

Há ainda quem exija a desmilitarização da polícia. "Isso é bandeira de um grupinho de intelectuais que não encontra eco na população em geral", afirmou Silva.

Para Luiz Eduardo Soares, também ex-secretário nacional de Segurança Pública e professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a responsabilidade pelas mortes praticadas por policiais na periferia precisa ser dividida entre os segmentos da sociedade.

"Contingentes numerosos sentem-se autorizados a perpetrar essas brutalidades, autorizados não necessariamente pelos seus superiores, pelos seus chefes, mas pela sociedade, que aplaude e se omite diante desses fatos", afirmou Soares durante audiência da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo --que apura crimes cometidos pela ditadura militar brasileira (1964-1985). Soares afirmou ainda que os governos, às vezes por omissão, acabam tolerando e tornando-se cúmplices da violência.

José Vicente da Silva afirmou que é necessário que o país comece a pensar na unificação das polícias. Segundo ele, apesar de a PM sofrer com um "ranço persistente" por conta da ditadura, a Polícia Civil (ou Judiciária) também é opressiva. "O modelo de repressão do inquérito não dá chance de defesa", disse.

Agenda permanente

Para a coordenadora de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, o que falta aos seguidos governos --federais, estaduais e municipais-- é tratar o assunto como prioridade. "Precisamos de uma agenda permanente", disse. Carolina afirmou ainda que tal agenda precisa também proteger não só o cidadão, mas o trabalho do policial. "Os governos não assumem sua resposabilidade na segurança pública", falou.

"Nosso modelo não responde mais às necessidades. Ter duas polícias estaduais é muito pouco produtivo", afirmou.

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Manifestantes saem às ruas em protestos pelo Brasil156 fotos

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16.out.2013 - Homem abraça manifestante através da janela de ônibus da Polícia Militar, que leva os detidos na noite de terça-feira, durante confronto com policiais, do 25º DP, em Engenho Novo, zona norte do Rio, para o Instituto Médico Legal. Ao fundo, um dos detidos ergue cartaz com a palavra "Justiça". No IML, todos farão exame de corpo de delito para, em seguida, serem encaminhados a presídios da região. Dezenas de ativistas protestam contra as prisões na porta da delegacia Estefan Radovicz/Agência O Dia/AE

Para ela, que disse não ter a conviccção de que a unificação das atuais corporações seja a melhor saída, om ideal é que a "polícia faça seu trabalho com um ciclo completo e não fragmentado, como ocorre hoje".

Por fim, disse ela, é necessário também cobrar eficiência. "É preciso estabelecer metas e cobrar resultados", disse. 

Um comentário:

  1. A polícia com a ajuda do governo fez o seu papel e foi atrás do caso Amarildo, isso ninguém pode negar. A polícia inteira do Rio estava empenhada!

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