Carla Rodrigues, com agências
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
Pelo menos 19 pessoas, entre delegados e policiais civis, foram presas pela Polícia Federal durante a Operação Miqueias, nome referente a um profeta bíblico que denunciava a corrupção entre poderosos de Jerusalém. Foram escalados 300 agentes para cumprir 102 mandados judiciais em nove estados e na capital federal.
Um dos 14 presos no DF é o ex-policial civil Marcelo Toledo, já investigado pelo envolvimento em outras atividades ilícitas. Ele foi apontado nas investigações da operação Caixa de Pandora como um dos operadores do esquema de corrupção que levou à prisão o ex-governador Arruda. O doleiro Fayed Traboulsi também foi detido. Ambos são investigados desde 2008, na Operação Tucunaré, por lavagem e remessa ilegal de dinheiro para o exterior.
Segundo as investigações, a quadrilha teria lavado cerca de R$ 300 milhões, dos quais R$ 50 milhões provêm da aplicação em investimentos pouco atrativos dos recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social, administrados por prefeituras. O golpe incluía a compra de títulos de empresas próximas à falência ou sem condições de arcar com os vencimentos.
Em troca, os prefeitos e gestores do fundo de pensão recebiam um percentual do valor aplicado. Entre os detidos, contudo, por enquanto, não há nenhum prefeito. “Quem ganhava com isso, claro, eram apenas os membros da organização criminosa. Quem investisse naquele fundo estaria fazendo um péssimo negócio”, apontou a delegada Andrea Pinho.
“Só no DF cumprimos 38 mandados de busca e tivemos cinco carros de luxo e uma moto apreendidos. Tanto a quadrilha que fazia lavagem de dinheiro quanto a que aplicava o golpe nos fundos previdenciários tinham os mesmos líderes, detentores de um patrimônio que incluía uma lancha de aproximadamente R$ 5 milhões, além de lojas e carros de luxo, entre eles uma Ferrari”, disse Andrea Pinho. A lancha e a Ferrari pertenceriam a Fayed Traboulsi. Todos os bens valem quase R$ 7 milhões.
Também foram presos os delegados Sandra Maria da Silveira, ex- assessora jurídica da Secretaria de Segurança, e Paulo Barongeno, da Divisão de Operações Aéreas, que já haviam sido detidos em março. Eles protegeriam o grupo por meio do vazamento de informações ou mediante ameaças.
Esquema contava com 35 “laranjas”
A operação começou há um ano e meio para apurar o uso de contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de "laranjas" ou "testas-de-ferro", para ocultar a verdadeira origem do dinheiro e também os beneficiários de saques. Para fazer a lavagem de dinheiro, foram usadas pelo menos 30 empresas de fachada e mais 35 laranjas. O dinheiro era sacado por 11 pessoas – sete costumazes e quatro habituais. Para dificultar as investigações, os valores eram rapidamente transferidos de conta para conta até a retirada em espécie.
Outras três prisões foram feitas em Goiás e no Rio de Janeiro. Nos casos que envolveram recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social, os investigadores identificaram que havia “uma gerência muito grande dos prefeitos” na aplicação dos fundos que, em geral, são geridos por pessoas nomeadas por eles.
As investigações apontam que as irregularidades aconteceram nos regimes previdenciários ligados às prefeituras de Manaus, Ponta Porã (MS), Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa (GO), Caldas Novas (GO), Cristalina (GO), Águas Lindas (GO), Itaberaí (GO), Pires do Rio (GO), Montividiu (GO), Jaru (RO), Barreirinhas (MA), Bom Jesus da Selva (MA) e Santa Luzia (MA).
Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O autor desse Blog não se responsabiliza pelos comentários aqui postado. Sendo de inteira responsabilidade da pessoa que o fez as consequências do mesmo.