O grupo que acusa militares de abuso de autoridade e racismo esteve reunido na tarde desta terça-feira (13), com o comandante da Polícia MIlitar de Alagoas , coronel Dimas, para formalizar a denúncia. Eles pediram que os fatos sejam apurados com rigor.

A denúncia do grupo foi feita no último domingo (11) , na Central de Flagrantes, por cinco pessoas, entre elas três turistas. Eles relatam que, após flagrarem em vídeo os PMs agredindo um adolescente no bairro da Pajuçara, os policiais teriam obrigado os turistas a apagarem as filmagens.
A Polícia Militar de Alagoas já havia divulgado uma nota, na manhã desta terça, a respeito da denúncia. A corporação diz que repudia qualquer ato de violência física, psicológica ou racial, que possa ter sido cometida por um de seus policiais.

Durante a reunião, o comandante da Polícia Militar, coronel Dimas, disse que já entrou em contato com a Corregedoria da PM e pediu que as denúncias fossem severamente apuradas. "Fiquei muito triste com fato. Esse não é o papel da PM. Já falei com o corregedor hoje mesmo e tudo o que aconteceu começará a ser apurado", afirma o coronel.
O coronel disse ainda que, durante a formação, os policiais passam por um rígido treinamento e que essa postura não será permitida dentro da corporação. "Lamento profundamente o que aconteceu. Espero que isso não passe de abuso, uma vez que vocês relatam que foram agredidos porque são negros. Eu também sou negro e não tolero racismo", reforçou o coronel Dimas.

O conselheiro Nacional de Igualdade Racial de Alagoas, Helton Pereira, esteve presente na reunião e reforçou o pedido da apuração das denúncias. "Fiz questão de acompanhar a denúncia formal. Não é admissível que um policial julgue pela cor. Ele deve zelar pela comunidade", reforça o conselheiro.

A assistente social e professora Franqueline Terto dos Santos, diz que houve excesso por parte dos policiais. "O que vi são profissionais totalmente despreparados para usar uma farda. Deixo a sugestão para que todos os policiais sejam acompanhados por um psicólogo com frequência, para evitar os abusos", desabafa Franqueline.

Entenda o caso 
Os turistas contaram que estavam sentados em um banco na Praça Lions, na Pajuçara, quando presenciaram militares agredindo um adolescentes com chutes e tapas. “O rapaz já estava imobilizado e ainda o agrediam. Nós vimos a cena e decidimos registrar em filmagem. Quando os policiais perceberam que estávamos filmando, partiram em nossa direção”, disse o turista Davi Fantuzzi, que é de Recife, Pernambuco.
Dois amigos dos turistas que são alagoanos disseram que chegaram à praça quando estava acontecendo a confusão e foram detidos. “Tentei argumentar para que deixassem meus amigos irem embora, mas não permitiram e ainda deram voz de prisão a mim e a um amigo”, expôs a assistente social e professora Franqueline Terto dos Santos.
Franqueline disse que ela e seu esposo, o administrador Benedito Jorge da Silva Filho,  foram algemados e colocados em uma viatura. O administrador disse que prestou queixa por racismo porque os militares não prenderam os turistas, só ele e a amiga alagoana. “Sou negro e acho que houve racismo na ação dos policiais. Eu e minha amiga estávamos tendo a mesma reação dos nossos amigos turistas, mas não os renderam”, reclamou.
O dono da câmera, Talles Adriano dos Reis, que é de Minas Gerais, disse que um dos militares pegou seu equipamento e apagou as imagens.