O Comando da Polícia Militar investiga uma suposta ação violenta de alguns PMs durante uma abordagem diante da casa de um suspeito de disparo de arma de fogo em Mogi das Cruzes (SP). Imagens do circuito interno da casa do homem agredido mostram a abordagem. O homem é um comericante de 36 anos que possui um restautante em Suzano .
Ele, que preferiu não se identificar, disse à TV Diário que os policiais agiram de forma violenta e invadiram a sua casa sem ordem judicial após uma briga de trânsito ocorrida horas antes. Os policiais estavam a procura de uma arma com a qual o comerciante tinha feito um disparo depois de ter levado uma fechada em uma rotatória. O dono do carro atingido pelo tiro é um policial militar.
A sequência de imagens começa com o dono da casa conversando com policiais no portão. Depois disso, um dos PMs pula o muro da casa vizinha, que está em construção.  De repente ele é segurado por alguns militares e forçado a ir para calçada. Alguns entram e, em seguida um outro policial que já estava na garagem, volta e agride a vítima.
Segundo o comerciante, a residência teria sido invadida por 12 policiais na noite do dia 21 de junho após uma briga de trânsito. "Eu perguntei se ele (policial) tinha mandado para entrar na minha casa. Ele pegou e falou que não precisava disso. Nesse momento, ele já veio me agredindo. Deu uma gravata no meu pescoço e entrou em casa. Em seguida o mesmo sargento, um japonês, voltou e me deu um soco. Os policiais ainda apertaram a minha garganta para que eu não pudesse nem gritar e nem falar. Só davam soco em mim. Na hora eu ainda avisei que tudo estava sendo monitorado, só ai eles pegaram e aliviaram um pouco", relembra o comerciante que preferiu não se identificar.
Briga de trânsito 
O comerciante é dono de um restaurante em Suzano (SP). A briga de trânsito que, segundo ele teria originado o abuso de autoridade, aconteceu quando ele voltava do trabalho. A vítima diz ter sido 'fechada' por um outro carro no momento em que cruzava uma rotatória, no Distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes . Armado, o comerciante deu um tiro que acertou o pneu do outro veículo. A arma não tinha documentação e quem dirigia o outro carro era um policial militar.
Segundo o boletim de ocorrência, na delegacia o próprio policial informou que depois do tiro anotou a placa do carro do comerciante e chamou o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). As imagens mostram que os policiais só entraram na casa do comerciante depois de rendê-lo. Mas no boletim de ocorrência os PMs teriam infromado que o morador tdeu permissão para que eles entrassem na casa.
Truculência 
Para a advogada do comerciante, Mirima Lemos a Polícia Militar agiu com truculência. "Cada qual deve responder pela infração que cometeu. Meu cliente deverá responder pela infração que fez e os policiais, por ordem e justiça, também têm que responder pela invasão domiciliar sem mandado judicial e por expor toda a família", alega a advogada.
O comerciante se defende e diz que comprou a arma porque já não aguentava ser vítima de violência. Ele conta que seu restaurante, em Suzano, já foi roubado oito vezes, além dos casos de furtos. O estabelecimneto também é monitorado, e todas as ações criminosas, segundo ele, estão registradas pelas câmeras.
Mesmo assim, o comerciante reconhece que não poderia andar armado, e afirma que ficou indignado pela forma como a PM agiu. "Se o motorista da briga de trânsito não fosse um policial, nada disso teria acontecido. Eles (policiais) não iriam invadir minha casa, não iriam me agredir. Eles só fizeram isso porque o envolvido foi um colega de farda deles, e eles queriam garantir a honra", desabafa.
Outro lado 
Sobre a denúncia, o Comando da Polícia Militar informou que no boletim de ocorrência consta que a vítima permitiu a entrada dos policiais, onde a arma foi encontrada. O comando comunicou ainda que o caso será investigado e as imagens gravadas na casa do comerciante serão solicitadas. Além disso, testemunhas devem ser ouvidas.