As armas não letais, usadas por policias para conter manifestantes, podem ferir gravemente e até levar à morte. O aumento da repressão e os excessos cometidos contra os participantes dos protestos são alvos de duras críticas, inclusive da Anistia Internacional.
Sérgio Andrade da Silva, de 31 anos, tem duas filhas e é fotógrafo profissional há três anos. Triste, ele conta que, depois de ser atingido por uma bala de borracha por um grupo de policiais em um protesto, no dia 13 de junho, em São Paulo, passou a ter apenas um olho disponível para fotografar.
O repórter da GloboNews Pedro Vedova participou da cobertura do protesto do dia 20 de junho, no Rio de Janeiro, onde também foi atingido, mas na testa.
O médico Carlos Martins explica que, se disparados de uma distância mais curta, com um organismo de superfície corpórea menor nos alvos como cabeça, pescoço e tórax, pode provocar lesões internas graves.  “Não são armas 100% seguras e isenta de risco de capacidade definitiva ou óbito. Esse risco é significativamente muito pequeno, mas existe”, alerta o médico.
O especialista em segurança Paulo Storani acrescenta que as balas de borracha devem ter um cuidado muito grande, com uma distância de mais de 20 metros para ser utilizado, e em regiões do corpo privilegiadas. “Tem que ter um treinamento muito eficaz, muito constante”, destaca.
Durante os protestos de todo o país, as forças de segurança usaram um arsenal de armas menos letais. O gás lacrimogêneo nunca deve ser utilizado em lugar fechado e o spray de pimenta não pode se usado a menos de um metro de distância.
Na última quinta-feira (11), a polícia voltou a usar armas menos letais, no protesto em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. Policiais usaram spray de pimenta em manifestantes com as mãos para o alto. O gás de lacrimogêneo invadiu uma clínica e algumas pessoas passaram mal. A Anistia Internacional criticou a ação da polícia.
O diretor executivo da Anistia Internacional do Brasil, Átila Roque, afirmou que bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, arma elétrica e outras podem causar a morte. “São armas que só se utilizam em última instância, quando a única opção seria a arma de fogo”, afirma.
A organização fez um manual de boas práticas para o policiamento de manifestações públicas, seguindo as recomendações da ONU. O material vai ser entregue às secretarias de Segurança de todo o Brasil, na segunda-feira (15).
Em nota, a Polícia Militar informou que usou armas não letais para conter atos de vandalismos e ações de manifestantes, que arremessaram bombas em direção ao Palácio da Guanabara e morteiros contra a tropa.  Informou, também, que um policial militar saiu ferido no confronto, com uma pedrada na cabeça.